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Agência Brasil explica vantagens da energia solar nas residências

Repro­du­ção: © Soni­nha Vill/GIZ

É boa para o bolso do consumidor e para o meio ambiente, diz professor


Publi­ca­do em 16/01/2022 — 07:33 Por Pedro Peduz­zi — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Bra­sí­lia

O alto cus­to da ener­gia elé­tri­ca no Bra­sil tem leva­do mui­tas pes­so­as a bus­car solu­ções que dimi­nu­am o valor da con­ta de luz. Uma alter­na­ti­va inte­res­san­te para as resi­dên­ci­as pode ser a ener­gia solar que, segun­do espe­ci­a­lis­ta con­sul­ta­do pela Agên­cia Bra­sil, é “boa para o bol­so, para o país e para o mun­do”.

O poten­ci­al de gera­ção de ener­gia solar no Bra­sil é imen­so, mas ain­da suba­pro­vei­ta­do, prin­ci­pal­men­te em resi­dên­ci­as. Isso se expli­ca pelo fato de mui­tas pes­so­as não terem noção do que é neces­sá­rio para trans­for­mar tetos ou áre­as aber­tas em peque­nas gera­do­ras de ener­gia por meio de pla­cas sola­res. Algo que, de acor­do com o pro­fes­sor do Depar­ta­men­to de Enge­nha­ria Elé­tri­ca da Uni­ver­si­da­de de Bra­sí­lia (UnB) Rafa­el Ama­ral Shaya­ni, é mais sim­ples do que pare­ce, e cujos bene­fí­ci­os vão além de uma con­ta de luz menos one­ro­sa.

“A ener­gia solar de uso resi­den­ci­al, que é cha­ma­da de gera­ção de dis­tri­buí­da, é boa para o bol­so do con­su­mi­dor. Mas tam­bém é boa para o país por­que o Bra­sil é um país em desen­vol­vi­men­to que vai pre­ci­sar de mui­ta ener­gia para cres­cer; e para o mun­do, por­que pro­te­ge o meio ambi­en­te, já que não emi­te gases de efei­to estu­fa”, des­ta­ca o enge­nhei­ro ele­tri­cis­ta em entre­vis­ta à Agên­cia Bra­sil.

Boa para o bolso

A ener­gia solar pode resul­tar em dimi­nui­ção sig­ni­fi­ca­ti­va dos gas­tos com a con­ta de luz. Segun­do Shaya­ni , um inves­ti­men­to entre R$ 12 mil e 15 mil pode redu­zir em até 90% a con­ta de ener­gia.

“A pes­soa, então, pas­sa a pagar ape­nas a par­ce­la míni­ma, que é o con­su­mo míni­mo, uma tari­fa de dis­po­ni­bi­li­da­de do ser­vi­ço”. O enge­nhei­ro diz diz que o inves­ti­men­to é recu­pe­ra­do em cer­ca de cin­co anos e que o sis­te­ma dura de 20 a 25 anos.

Boa para o país

A ener­gia solar é tam­bém boa para o país, para lidar com a expec­ta­ti­va de cres­ci­men­to da deman­da de ener­gia, con­for­me o aumen­to do núme­ro de fábri­cas e indús­tri­as pre­vis­to para os pró­xi­mos anos.

“A Empre­sa de Pes­qui­sa Ener­gé­ti­ca (EPE) pre­vê que até 2050 o Bra­sil vá tri­pli­car o con­su­mo de ele­tri­ci­da­de, até em fun­ção do aumen­to popu­la­ci­o­nal e das con­sequên­ci­as dis­so para o setor pro­du­ti­vo, já que acar­re­ta­rá em mais uso de ele­tro­do­més­ti­cos”, afir­ma Shaya­ni.

Boa para o planeta

“Quan­do a ener­gia é gera­da no telha­do da sua casa, você não está quei­man­do gás natu­ral para gerar ele­tri­ci­da­de. Você reduz a neces­si­da­de de hidre­lé­tri­cas, que ala­gam flo­res­tas, ou de car­vão ou gás quei­ma­dos para a gera­ção de ener­gia por usi­nas tér­mi­cas. Por­tan­to, é uma for­ma mui­to boa de con­tri­buir para pro­te­ger o meio ambi­en­te”, com­ple­men­ta o pro­fes­sor.

Para Shaya­ni, um dos gran­des desa­fi­os mun­di­ais é gerar mais ele­tri­ci­da­de e redu­zir as emis­sões de gases de efei­to estu­fa. “Nes­se sen­ti­do, a ener­gia solar vem como solu­ção. Quan­to mais pes­so­as a ado­ta­rem, mais ener­gia o país pro­du­zi­rá, e menos ener­gi­as fos­seis pre­ci­sa­rão ser usa­das”, enfa­ti­za o pro­fes­sor, que indi­ca tam­bém o uso de aque­ci­men­to solar por meio de tubos de plás­ti­co para, com o calor do Sol, esquen­tar a água do chu­vei­ro.

Placas fotovoltaicas

A gran­de van­ta­gem do uso de pla­cas foto­vol­tai­cas, segun­do Shaya­ni, é a pos­si­bi­li­da­de de “devol­ver” par­te da ener­gia con­su­mi­da para a rede de ener­gia for­ne­ci­da pela dis­tri­bui­do­ra local.

Para “devol­ver” ener­gia à rede for­ne­ce­do­ra, é neces­sá­rio ter, além do pai­nel solar, um inver­sor, já que a ener­gia solar gera ten­são con­tí­nua, e as toma­das das resi­dên­ci­as usam ener­gia alter­na­da.

“Você liga seu sis­te­ma de ener­gia solar a uma rede elé­tri­ca da dis­tri­bui­do­ra que aten­de à cida­de. Ou seja, ins­ta­la o sis­te­ma no telha­do e ligao no mes­mo dis­jun­tor que a com­pa­nhia elé­tri­ca tem na sua casa. É o sis­te­ma mais bara­to por­que não depen­de de bate­ri­as que arma­ze­nem a ener­gia”.

De acor­do com a Agên­cia Naci­o­nal de Ener­gia Elé­tri­ca (Ane­el) há, no Bra­sil, 775.972 sis­te­mas sola­res des­se tipo já ins­ta­la­dos.

Chuvas e tempo nublado

Inter­li­gar as pla­cas à rede dis­tri­bui­do­ra de ener­gia é tam­bém solu­ção para evi­tar fal­ta de ener­gia em dias de chu­va, tem­po nubla­do, ou mes­mo à noi­te, quan­do não há sol. “É como se o reló­gio medi­dor de ener­gia rodas­se para trás quan­do é dia e o con­su­mo é menor. À noi­te, então, quan­do não há sol, você vai pegar de vol­ta essa ener­gia, usan­do a ener­gia das hidre­lé­tri­cas bra­si­lei­ras. Aí o reló­gio vai para a fren­te”.

No fim do mês, se a ener­gia for­ne­ci­da de dia for igual à rece­bi­da nos perío­dos sem luz solar, é como se o reló­gio que mar­ca o con­su­mo ficas­se no zero. “O nome ofi­ci­al dis­so é Sis­te­ma de Com­pen­sa­ção de Ener­gia. Gera-se mais ener­gia de dia para com­pen­sar o uso à noi­te, quan­do não tem ener­gia solar. É uma coi­sa inte­res­san­te por­que não pre­ci­sa de bate­ri­as para arma­ze­na­men­to, que são mui­to caras e alta­men­te polu­en­tes.”

Baterias

Em geral esse equi­pa­men­to com bate­ri­as é usa­do em regiões iso­la­das, onde não há for­ne­ci­men­to de ener­gia por com­pa­nhi­as elé­tri­cas. É o caso de algu­mas comu­ni­da­des do inte­ri­or da Amazô­nia, na flo­res­ta.

“Além de caras e dano­sas ao meio ambi­en­te, essas bate­ri­as são como as de car­ro: estra­gam-se mui­to rápi­do e pre­ci­sam ser tro­ca­das a cada três ou qua­tro anos. O cus­to adi­ci­o­nal delas faz o sis­te­ma [de cap­ta­ção e gera­ção de ener­gia] qua­se dobrar de pre­ço”, esti­ma o pro­fes­sor.

Como funcionam

A ener­gia solar é´uma ino­va­ção tec­no­ló­gi­ca que dife­re das outras for­mas de gera­ção de ele­tri­ci­da­de por­que é um sis­te­ma ele­trô­ni­co. É fei­ta a par­tir de uma pedra de silí­cio, subs­tân­cia que, depois do oxi­gê­nio, é a mais abun­dan­te na Ter­ra.

“A cros­ta ter­res­tre é fei­ta de silí­cio, mate­ri­al usa­do nos pai­néis sola­res. Quan­do a luz solar inci­de sobre ele, pula um elé­tron, o que aca­ba geran­do ener­gia. Essa cor­ren­te elé­tri­ca sai do telha­do e entra nos equi­pa­men­tos, ener­gi­zan­do a casa”, deta­lha o espe­ci­a­lis­ta.

Legislação

Repro­du­ção: Comu­ni­da­de do Mor­ro da Babilô­nia, no Rio de Janei­ro, come­çou a inves­tir em ener­gia solar em janei­ro de 2016 — Divul­ga­ção

A legis­la­ção da Ane­el per­mi­te qua­tro moda­li­da­des de gera­ção dis­tri­buí­da de ener­gia. A pri­mei­ra é a gera­ção na pró­pria uni­da­de con­su­mi­do­ra, quan­do a pes­soa a ins­ta­la no telha­do da pró­pria casa. A segun­da é cha­ma­da auto­con­su­mo remo­to, que é quan­do a pes­soa tem, por exem­plo, duas resi­dên­ci­as em um mes­mo esta­do. Ela pode colo­car ener­gia solar no telha­do da casa e a ener­gia que é gera­da lá com­pen­sa o con­su­mo da outra resi­dên­cia.

“Exis­te, ain­da, a moda­li­da­de de múl­ti­plas uni­da­des con­su­mi­do­ras. É o caso dos con­do­mí­ni­os, que podem colo­car pla­cas nos telha­dos para abas­te­cer a área comum. Há tam­bém a pos­si­bi­li­da­de de mora­do­res dos apar­ta­men­tos colo­ca­rem o equi­pa­men­to em telha­dos, e a ener­gia ser rate­a­da entre as uni­da­des que fize­ram o inves­ti­men­to.”

A quar­ta moda­li­da­de é a de gera­ção com­par­ti­lha­da que, segun­do o espe­ci­a­lis­ta, abran­ge “uma usi­na mai­or à qual as pes­so­as podem se asso­ci­ar para serem bene­fi­ci­a­das com aba­ti­men­to na con­ta de ener­gia”.

Custo dos equipamentos

O pre­ço do sis­te­ma depen­de de dois fato­res prin­ci­pais. O pri­mei­ro é saber quan­to de ener­gia a resi­dên­cia con­so­me. “Para saber isso, bas­ta olhar a fatu­ra envi­a­da pela con­ces­si­o­na­ria de ener­gia todo mês. O con­su­mo é cal­cu­la­do a par­tir da média men­sal. No verão, gera-se mais ele­tri­ci­da­de e, no inver­no menos. Mas, na média do ano, a pes­soa pode gerar toda ener­gia da casa”, expli­ca Rafa­el Shaya­ni.

“Depen­de tam­bém de quan­to sol tem na região. O Bra­sil em geral é mui­to enso­la­ra­do. O local com menos sol no Bra­sil tem mais sol do que a Ale­ma­nha intei­ra, que é um dos líde­res no uso de ener­gia solar. Então, se você mora em um local com mui­to sol, seu sis­te­ma de gera­ção pode ser menor, não sen­do neces­sá­ri­as tan­tas pla­cas”, acres­cen­ta.

Segun­do o pro­fes­sor, o con­su­mo típi­co de uma resi­dên­cia bra­si­lei­ra fica em tor­no de 10 qui­lowatts-hora por dia. “Nor­mal­men­te, temos cin­co horas de sol for­te por dia. Con­si­de­ran­do essa média como refe­rên­cia, pre­ci­sa­mos então de um sis­te­ma de ener­gia solar de mais ou menos 2 kw ins­ta­la­do no telha­do da casa. Ele vai ocu­par área peque­na do telha­do e gerar ener­gia para, na média do ano, aten­der tudo.”

O cus­to do equi­pa­men­to varia de acor­do com a cota­ção do dólar, que está na fai­xa de R$ 5,50. “Atu­al­men­te, esse equi­pa­men­to deve cus­tar entre R$ 12 mil e 15 mil, mas, com ele ins­ta­la­do, a con­ta de luz pode cair para o valor míni­mo cobra­do pela con­ces­si­o­ná­ria. O inves­ti­men­to é recu­pe­ra­do nos pri­mei­ros três ou cin­co anos. Depois, fica 20 anos pagan­do só a tari­fa míni­ma de ener­gia elé­tri­ca, que é cobra­da para a manu­ten­ção da rede.”

O equi­pa­men­to deve ser ins­ta­la­do por uma empre­sa espe­cí­fi­ca, por­que é neces­sá­rio regis­tro no Con­se­lho de Enge­nha­ria, de for­ma a com­pro­var que a ins­ta­la­ção é segu­ra e aten­de às regras de segu­ran­ça da dis­tri­bui­do­ra de ener­gia.

“O pri­mei­ro pas­so é con­ta­tar, na sua cida­de, uma empre­sa de equi­pa­men­tos para gera­ção de ener­gia solar, um ramo que cres­ceu mui­to nos últi­mos anos. Tem milha­res de empre­sas no Bra­sil. Peça a eles um orça­men­to. Eles ins­ta­lam o equi­pa­men­to, entram em con­ta­to com a dis­tri­bui­do­ra que, depois, fis­ca­li­za a ins­ta­la­ção para ver se tudo está ade­qua­do para, enfim, ligar o sis­te­ma. Isso tudo pode ser fei­to em até 30 dias”, afir­ma o enge­nhei­ro.

Edi­ção: Nádia Fran­co

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