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Pesquisa revela que covid-19 pode permanecer por longo tempo

Repro­dução: © Rove­na Rosa/Agência Brasil

Sintomas podem persistir por pelo menos três meses após a fase aguda


Pub­li­ca­do em 03/02/2023 — 20:21 Por Dou­glas Cor­rêa – Repórter da Agên­cia Brasil — Rio de Janeiro

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Uma pesquisa real­iza­da com brasileiros rev­ela que quase 60% das pes­soas que con­traíram covid-19 desen­volver­am a doença por lon­go tem­po, com sin­tomas que per­manece­r­am pelo menos por três meses após a fase agu­da. Real­iza­do pela Rede de Pesquisa Solidária em Políti­cas Públi­cas e Sociedade da Fun­dação Oswal­do Cruz (Fiocruz), o estu­do usou um ques­tionário online des­ti­na­do a pes­soas que tin­ham con­traí­do a doença. Para a análise, foram con­sid­er­a­dos 1.230 par­tic­i­pantes que apre­sen­taram  diag­nós­ti­co de covid-19 con­fir­ma­do por teste PCR.

Deste total, 720 pes­soas man­tiver­am sin­tomas por três meses, ou mais, e 496 dis­ser­am que não estavam total­mente recu­per­a­dos no momen­to da pesquisa. Os efeitos pro­lon­ga­dos da doença foram mais fre­quentes entre os não vaci­na­dos.  Além dis­so, mais de 80% das pes­soas com covid-19 lon­ga deman­daram serviços de saúde por causa da per­sistên­cia dos sin­tomas.

Fadi­ga, ansiedade, per­da de memória e que­da de cabe­lo foram alguns dos prin­ci­pais sin­tomas apon­ta­dos. Foram cita­dos mais de 50 sin­tomas per­sis­tentes, agru­pa­dos em dez cat­e­go­rias: cardiovasculares/coagulação, der­ma­tológi­cos, endócrino-metabóli­cos, gas­troin­testi­nais, mús­cu­loesqueléti­cos, renais, res­pi­ratórios, neu­rológi­cos e de saúde men­tal, além de sin­tomas gerais, como dor e ton­tu­ra.

Os resul­ta­dos do estu­do foram pub­li­ca­dos em janeiro. Entre os pesquisadores que assi­nam a nota téc­ni­ca, estão Clau­dio Maierovitch, Vanei­de Pedi, Eri­ca Tatiane da Sil­va e Mar­i­ana Verot­ti, da Fiocruz Brasília, além de Rafael Mor­eira e Mar­cos Pedrosa, da Fiocruz Per­nam­bu­co. A pub­li­cação anal­isa os sin­tomas da covid-19 lon­ga no Brasil e o aces­so ao diag­nós­ti­co e ao trata­men­to.

“A fal­ta de dados invi­a­bi­liza o desen­ho de estraté­gias para aler­tar a pop­u­lação sobre os riscos de desen­volver esta for­ma de covid-19 e de serviços de assistên­cia para aten­der às pes­soas que sofrem de seque­las pro­lon­gadas”, diz a equipe téc­ni­ca respon­sáv­el pela pesquisa.

O obje­ti­vo do estu­do foi jus­ta­mente con­tribuir para o preenchi­men­to das lacu­nas dess­es dados. Pro­to­co­los de mon­i­tora­men­to de pacientes com seque­las per­sis­tentes, inves­ti­men­tos em ativi­dades de reabil­i­tação com abor­dagem mul­ti­dis­ci­pli­nar e atenção espe­cial à covid-19 lon­ga nas pop­u­lações mais social­mente vul­ner­a­bi­lizadas estão entre as recomen­dações do doc­u­men­to.

Segun­do a Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS), de 10% a 20% dos pacientes con­sid­er­a­dos livres do Sars-CoV­‑2 e da doença agu­da podem apre­sen­tar covid-19 lon­ga, isto é, entre 2,8 mil­hões e 5,6 mil­hões de brasileiros poderão pre­cis­ar de cuida­dos de saúde por sofr­er des­ta for­ma da doença. Tal condição ref­ere-se a uma var­iedade de sin­tomas que per­manecem ou até apare­cem pela primeira vez até três meses após a infecção por Sars-Cov­‑2, sin­tomas que não podem ser expli­ca­dos por out­ros motivos e que trazem pre­juí­zos à saúde e à qual­i­dade de vida.

Emb­o­ra o mecan­is­mo exa­to que leva à covid-19 lon­ga ain­da seja descon­heci­do, acred­i­ta-se que a doença este­ja asso­ci­a­da ao proces­so infla­matório cau­sa­do pelo vírus, que começa no pul­mão e se espal­ha para out­ros órgãos e teci­dos. Ape­sar de mais fre­quente­mente obser­va­da em idosos, mul­heres e pacientes graves na fase agu­da, a covid lon­ga pode se man­i­fes­tar em qual­quer pes­soa.

O trata­men­to varia con­forme os sin­tomas apre­sen­ta­dos, e o des­fe­cho depende de fatores como a gravi­dade dess­es sin­tomas, a existên­cia de out­ras doenças crôni­cas e o aces­so ao cuida­do e à reabil­i­tação. “Estu­do recente sug­ere que as vaci­nas e, prin­ci­pal­mente, as dos­es de reforço, podem amenizar o quadro ou diminuir as chances de desen­volver a covid-19 lon­ga”, desta­ca a nota téc­ni­ca, reforçan­do que a pop­u­lação deve ser infor­ma­da sobre a importân­cia de evi­tar infecções suces­si­vas e sobre os riscos de desen­volver seque­las.

Edição: Nádia Fran­co

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