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Pará investiga suspeita de paralisia infantil em criança de 3 anos

Repro­du­ção: © Fer­nan­do Frazão/Agência Bra­sil

Outras hipóteses diagnósticas não foram descartadas


Publi­ca­do em 06/10/2022 — 17:39 Por Viní­cius Lis­boa — Repór­ter da Agên­cia Bra­sil — Rio de Janei­ro
Atu­a­li­za­do em 06/10/2022 — 18:29

Ouça a maté­ria:

A Secre­ta­ria de Esta­do de Saú­de Públi­ca do Pará (Ses­pa) noti­fi­cou ao Minis­té­rio da Saú­de que inves­ti­ga uma sus­pei­ta de para­li­sia infan­til em um meni­no de 3 anos de ida­de, do muni­cí­pio de San­to Antô­nio do Tauá, no nor­des­te do esta­do.

Em comu­ni­ca­ção de ris­co do Cen­tro de Infor­ma­ções Estra­té­gi­cas em Vigi­lân­cia em Saú­de, a secre­ta­ria pon­de­ra que outras hipó­te­ses diag­nós­ti­cas não foram des­car­ta­das, como Sín­dro­me de Guil­lain Bar­ré.

A sus­pei­ta se dá devi­do à detec­ção do poli­o­ví­rus nas fezes do paci­en­te, em exa­me rea­li­za­do dian­te da apre­sen­ta­ção de sin­to­mas como para­li­sia nos mem­bros infe­ri­o­res.

A cri­an­ça come­çou a apre­sen­tar os sin­to­mas em 21 de agos­to, com febre, dores mus­cu­la­res, mial­gia e um qua­dro de para­li­sia flá­ci­da agu­da, um dos sin­to­mas mais carac­te­rís­ti­cos da poli­o­mi­e­li­te. Dias depois, per­deu a for­ça nos mem­bros infe­ri­o­res e foi leva­da por sua res­pon­sá­vel a uma Uni­da­de Bási­ca de Saú­de (UBS) no dia 12 de setem­bro.

A Ses­pa infor­mou que pres­ta toda a assis­tên­cia ao paci­en­te, que se recu­pe­ra em casa, e que atua para a rápi­da inves­ti­ga­ção e escla­re­ci­men­to do caso.

Vacina

A poli­o­mi­e­li­te não tem tra­ta­men­to, mas o Pro­gra­ma Naci­o­nal de Imu­ni­za­ções (PNI) dis­põe de vaci­nas segu­ras e efi­ca­zes que devem ser uti­li­za­das para pro­te­ger cri­an­ças des­de o pri­mei­ro ano de vida. O PNI reco­men­da que a vaci­na inje­tá­vel intra­mus­cu­lar seja admi­nis­tra­da aos 2, 4 e 6 meses de ida­de, con­fe­rin­do uma imu­ni­da­de que só é refor­ça­da aos 15 meses e aos 4 anos, com as goti­nhas da vaci­na oral, ou em cam­pa­nhas de vaci­na­ção anu­ais como a rea­li­za­da recen­te­men­te.

A obten­ção de altas cober­tu­ras vaci­nais foi essen­ci­al para que a doen­ça fos­se eli­mi­na­da do Bra­sil. A para­li­sia infan­til teve seu últi­mo caso repor­ta­do no país em 1989, e, no ano de 1994, o con­ti­nen­te ame­ri­ca­no rece­beu a cer­ti­fi­ca­ção de área livre de cir­cu­la­ção do Poli­o­ví­rus sel­va­gem da Orga­ni­za­ção Pan-Ame­ri­ca­na da Saú­de (Opas).

Mes­mo assim, a que­da das cober­tu­ras vaci­nais con­tra a doen­ça que se repe­te des­de 2016 têm gera­do aler­tas de espe­ci­a­lis­tas de que o país pode­ria vol­tar a regis­trar casos de pólio, que pode cau­sar mor­te e seque­las moto­ras irre­ver­sí­veis.

Segun­do o Sis­te­ma de Infor­ma­ções do Pro­gra­ma Naci­o­nal de Imu­ni­za­ções (SI-PNI), as doses pre­vis­tas para a vaci­na intra­mus­cu­lar con­tra a pólio atin­gi­ram a meta de 95% do públi­co-alvo pela últi­ma vez em 2015, quan­do a cober­tu­ra foi de 98,29% das cri­an­ças nas­ci­das naque­le ano.

Depois de 2016, a cober­tu­ra caiu para menos de 90%, che­gan­do 84,19% no ano de 2019. Em 2020, a pan­de­mia da covid-19 impac­tou as cober­tu­ras de diver­sas vaci­nas, e esse imu­ni­zan­te che­gou a ape­nas 76,15% dos bebês. Em 2021, o per­cen­tu­al ficou abai­xo de 70% pela pri­mei­ra vez, com 69,9%. No Pará, onde foi regis­tra­da a sus­pei­ta, o per­cen­tu­al foi ain­da menor, de 55,73%.

O pro­ble­ma não se limi­ta ao Bra­sil, e a Orga­ni­za­ção Pan-Ame­ri­ca­na de Saú­de lis­tou o país e mais sete nações da Amé­ri­ca Lati­na como áre­as de alto ris­co para a rein­tro­du­ção da doen­ça.

O vírus sel­va­gem da poli­o­mi­e­li­te tam­bém vol­tou a cir­cu­lar no con­ti­nen­te afri­ca­no, e a cida­de de Nova York, nos Esta­dos Uni­dos, noti­fi­cou um caso de poli­o­mi­e­li­te com para­li­sia em um adul­to que não teria via­ja­do para o exte­ri­or.

Ministério da Saúde

O Minis­té­rio da Saú­de rea­li­zou entre 8 de agos­to e 30 de setem­bro a Cam­pa­nha Naci­o­nal de Vaci­na­ção con­tra a Poli­o­mi­e­li­te, mas a meta de imu­ni­za­ção não foi atin­gi­da. O minis­tro da Saú­de, Mar­ce­lo Quei­ro­ga, dis­se ontem (5) que o país vai atin­gir o obje­ti­vo de vaci­nar 95% das cri­an­ças meno­res de 5 anos de ida­de con­tra a poli­o­mi­e­li­te, mas esti­mou que a cober­tu­ra vaci­nal está em tor­no de 60%.

Pro­cu­ra­do pela Agên­cia Bra­sil, o Minis­té­rio da Saú­de infor­mou não há regis­tro de cir­cu­la­ção viral de poli­o­mi­e­li­te no Bra­sil. A pas­ta acres­cen­ta que envi­ou equi­pe ao esta­do do Pará nes­ta quin­ta-fei­ra para inves­ti­gar um caso de para­li­sia flá­ci­da agu­da.

O minis­té­rio res­sal­ta que, de acor­do com infor­ma­ções envi­a­das pela Secre­ta­ria Esta­du­al de Saú­de, o caso pode estar rela­ci­o­na­do a um even­to adver­so oca­si­o­na­do por vaci­na­ção ina­de­qua­da e não se tra­ta de poli­o­mi­e­li­te.

A vaci­na­ção con­tra a pólio por via oral, com as goti­nhas, só está pre­vis­ta no Bra­sil para cri­an­ças que já foram imu­ni­za­das com as três doses da vaci­na inje­tá­vel intra­mus­cu­lar, o que não teria acon­te­ci­do nes­se caso.

“O Minis­té­rio da Saú­de refor­ça que pais e res­pon­sá­veis vaci­nem suas cri­an­ças com todas as doses indi­ca­das para man­ter o país pro­te­gi­do da poli­o­mi­e­li­te, doen­ça erra­di­ca­da no Bra­sil”.

Maté­ria atu­a­li­za­da às 18h29 para acrés­ci­mo do posi­ci­o­na­men­to do Minis­té­rio da Saú­de.

Edi­ção: Fer­nan­do Fra­ga

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