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Liberação dos cânions de Capitólio alimenta expectativa do turismo

Repro­dução: © Divulgação/CBMMG

Medidas de segurança vem sendo bem recebidas pelos visitantes


Pub­li­ca­do em 10/04/2022 — 09:15 Por Alex Rodrigues — Repórter da Agên­cia Brasil — Brasília

Quase três meses após um paredão rochoso se despren­der e atin­gir qua­tro lan­chas, matan­do dez pes­soas e ferindo várias out­ras, os cânions do Lago de Fur­nas, em Capitólio (MG), voltaram a ser reaber­tos à visi­ta de tur­is­tas.

A lib­er­ação par­cial das vis­i­tas náu­ti­cas acon­te­ceu no últi­mo dia 30, com o aval da prefeitu­ra. Além de esta­b­ele­cer novas regras, como a obri­gação dos con­du­tores man­terem as embar­cações a uma dis­tân­cia mín­i­ma dos paredões e respeitarem os lim­ites esta­b­ele­ci­dos para cada tre­cho do per­cur­so, o municí­pio — dis­tante cer­ca de 282 quilômet­ros de Belo Hor­i­zonte — con­tra­tou uma equipe de geól­o­gos para avaliar, diari­a­mente, a esta­bil­i­dade dos blo­cos de pedra.

Segun­do o secretário munic­i­pal de Desen­volvi­men­to Econômi­co Sus­ten­táv­el, Lucas Arantes Bar­ros, o movi­men­to de tur­is­tas durante o fim de sem­ana pas­sa­do, o primeiro des­de a reaber­tu­ra, foi pequeno, com uma média de cer­ca de 80 gru­pos de visitantes/dia – como este con­t­role não era feito antes do aci­dente, no dia 8 de janeiro, não é pos­sív­el faz­er com­para­ções. A expec­ta­ti­va, no entan­to, é que o afluxo de pes­soas aumente grad­ual­mente nas próx­i­mas sem­anas, prin­ci­pal­mente em função dos feri­ados pro­lon­ga­dos de Pás­coa e Tiradentes.

“É pre­ciso levar em con­ta que muitos fatores impactam o tur­is­mo, como a situ­ação econômi­ca, o preço do com­bustív­el, a estação do ano… Após tan­to tem­po, o movi­men­to até que foi bom para um primeiro fim de sem­ana. Prin­ci­pal­mente con­sideran­do que era fim de mês”, disse Bar­ros à Agên­cia Brasil.

Mem­bro da dire­to­ria da Asso­ci­ação dos Empresários de Tur­is­mo de Capitólio (Ascatur), Vitor Vas­con­ce­los afir­ma que as medi­das de segu­rança ado­tadas após o aci­dente vêm sendo bem rece­bidas pelos vis­i­tantes e por quem tra­bal­ha com tur­is­mo.

“Uma coisa que nos pre­ocu­pa­va era como as novas nor­mas de segu­rança seri­am rece­bidas. Acabou que todos as rece­ber­am muito bem. Os vis­i­tantes não só estão acatan­do todas as regras, como con­tin­u­am curtin­do os pas­seios”, comen­tou Vas­con­ce­los. Segun­do ele, o afluxo de tur­is­tas já vin­ha aumen­tan­do grad­ual­mente des­de fevereiro, em função das várias out­ras atrações turís­ti­cas da região.

“Difi­cil­mente a pes­soa que pas­sar uma sem­ana em Capitólio con­hecerá mais da metade dos nos­sos atra­tivos turís­ti­cos”, garan­tiu Vas­con­ce­los.

De fato, a cidade, que inte­gra o Cir­cuito Turís­ti­co Nascente das Gerais tem muito mais a ofer­e­cer do que os pas­seios náu­ti­cos pelo chama­do “Mar de Minas”, como cos­tu­mam ser chama­dos os 1.440 km² do lago da repre­sa de Fur­nas – que, por sua vez, tam­bém não se limi­ta à área de cânions, onde foram iden­ti­fi­ca­dos cin­co pon­tos de maior risco de que­da de pedras.

“Ape­nas uma úni­ca área do lago onde é pos­sív­el passear de lan­cha esta­va inter­di­ta­da”, frisou Vas­con­ce­los. “Mes­mo assim, com as notí­cias, a que­da no movi­men­to chegou a 95% logo após a tragé­dia. Mas se com­para­r­mos o resul­ta­do de abril deste ano com o de anos ante­ri­ores, a difer­ença já não foi assim tão grande. Tam­bém é pre­ciso difer­en­ciar as con­se­quên­cias do que acon­te­ceu no dia 8 de janeiro daqui­lo que várias cidades turís­ti­cas estão enfrentan­do”, comen­tou Vas­con­ce­los, citan­do, como exem­p­lo, o impacto das fortes chu­vas que atin­gi­ram o esta­do no iní­cio do ano, impactan­do o tur­is­mo.

Regras

decre­to munic­i­pal que liber­ou os pas­seios náu­ti­cos em parte do Lago de Fur­nas esta­b­elece que o retorno das embar­cações deve ocor­rer de for­ma con­tro­la­da. Todos os lim­ites e faixas de segu­rança devem estar sinal­iza­dos. No per­cur­so delim­i­ta­do iden­ti­fi­ca­do como Tre­cho 1, será per­mi­ti­da a entra­da de, no máx­i­mo, qua­tro embar­cações por vez. Já o chama­do Tre­cho 2 só poderá ser aces­sa­do por uma embar­cação por vez — e não será per­mi­ti­da nen­hu­ma para­da neste per­cur­so.

Con­forme estip­u­la­do pelas autori­dades locais, os bar­cos dev­erão respeitar uma dis­tân­cia mín­i­ma dos paredões. Todos os pas­sageiros dev­erão assi­nar um ter­mo de con­sen­ti­men­to con­tendo ori­en­tações sobre as novas regras de vis­i­tação, como o uso obri­gatório de coletes sal­va vidas e de capacetes. Embar­cações de mais de 32 pés não podem aces­sar os cânions. As demais, não podem exced­er 3 nós de veloci­dade.

Segun­do a prefeitu­ra, as novas regras seguem as recomen­dações apre­sen­tadas pelos estu­dos geológi­cos real­iza­dos após a tragé­dia do dia 8 de janeiro e pela Polí­cia Civ­il de Minas Gerais. No inquéri­to poli­cial instau­ra­do para apu­rar o ocor­ri­do, a Polí­cia Civ­il con­cluiu que even­tos nat­u­rais causaram o desprendi­men­to das rochas e que o “proces­so geológi­co de remod­e­la­men­to de rele­vo” é comum na região, favore­cen­do que os blo­cos rochosos se rompam.

A Polí­cia Civ­il apre­sen­tou dez sug­estões para aumen­tar a segu­rança das ativi­dades turís­ti­cas no lago – entre elas, a lim­i­tação do número de embar­cações nave­gan­do, simul­tane­a­mente, pelos cânions, a mel­ho­ria do sis­tema de aler­ta e o mapea­men­to das zonas de maior risco.

“Durante o perío­do em que o aces­so aos cânions ficou inter­di­ta­do, con­seguimos cri­ar e colo­car em práti­ca um plano de vis­i­tação para reforçar e garan­tir a segu­rança dos vis­i­tantes”, garan­tiu Bar­ros, expli­can­do que a prefeitu­ra de Capitólio ain­da estu­da a pos­si­bil­i­dade de insta­lar con­tenções metáli­cas em ao menos cin­co pon­tos do lago a fim de min­i­mizar os riscos de desliza­men­tos e que­da de pedras.

“Esta­mos cor­ren­do atrás de recur­sos para faz­er a con­tenção. Tam­bém esta­mos avalian­do a pos­si­bil­i­dade de insta­lar­mos um sis­tema de mon­i­tora­men­to eletrôni­co da área. De qual­quer for­ma, a análise geológ­i­ca diária, fei­ta por profis­sion­ais con­trata­dos pela prefeitu­ra, em con­jun­to com as out­ras nor­mas, já trazem uma segu­rança às ativi­dades turís­ti­cas no lago”, comen­tou o secretário munic­i­pal.

Campanha

Após a tragé­dia, empresários decidi­ram se unir para pro­mover os atra­tivos turís­ti­cos da região. Uma cam­pan­ha encabeça­da pela Asso­ci­ação dos Empresários de Tur­is­mo de Capitólio (Ascatur) já arrecadou per­to de R$ 1 mil­hão. Quan­tia que será investi­da em um pro­je­to que, além de divul­gar as atrações region­ais, bus­ca con­sci­en­ti­zar quem vive na região — prin­ci­pal­mente aque­les que tra­bal­ham com tur­is­mo — sobre a importân­cia das regras de segu­rança ado­tadas após 8 de janeiro, quan­do um paredão rochoso se despren­deu e atingiu qua­tro lan­chas.

“Infe­liz­mente, as novas nor­mas vêm acom­pan­hadas de mui­ta dor pelas per­das”, disse Vitor Vas­con­ce­los, mem­bro da dire­to­ria da Ascatur, referindo-se às medi­das que a prefeitu­ra impôs para autor­izar o retorno dos pas­seios náu­ti­cos pela área de cânions do Lago de Fur­nas, como a obri­gação das embar­cações turís­ti­cas man­terem uma dis­tân­cia mín­i­ma dos paredões rochosos para evi­tar aci­dentes em caso de que­da de pedras.

“Des­de janeiro, muitos espe­cial­is­tas têm vin­do à cidade realizar estu­dos. Hoje, o tur­is­mo no Lago de Fur­nas está muito mais seguro e orga­ni­za­do, mas pre­cisamos que os moradores, os empresários, enfim, todos que vivem na região ten­ham aces­so a estes con­hec­i­men­tos. Só assim com­preen­der­e­mos a razão de ser das novas regras e saber­e­mos apre­sen­tá-las e jus­ti­ficá-las para os tur­is­tas.”

Segun­do ele, as pes­soas que vis­i­taram os cânions do Lago de Fur­nas, des­de o últi­mo dia 30, aceitaram bem as novas nor­mas de segu­rança.

Seten­ta empre­sas da região colab­o­raram com o pro­je­to, pos­si­bil­i­tan­do a con­tratação de uma empre­sa de comu­ni­cação para desen­volver um plano de ação a par­tir da próx­i­ma sem­ana. “A arrecadação foi a parte fácil. Tan­to que os próprios empresários já man­i­fes­taram o inter­esse em uma segun­da roda­da, pois recebe­mos pro­postas muito boas e temos o intu­ito de faz­er este tipo de inves­ti­men­to out­ras vezes”, con­tou Vas­con­ce­los.

A ini­cia­ti­va da Ascatur se soma ao pro­je­to Revi­va Capitólio – Viva o Mar de Minas, anun­ci­a­do pelo gov­er­no de Minas Gerais no iní­cio de fevereiro. A pro­pos­ta estad­ual pre­vê a des­ti­nação de R$ 5 mil­hões dos cofres públi­cos para pro­mover a segu­rança de tra­bal­hadores e tur­is­tas, além de for­t­ale­cer o tur­is­mo na região — uma das mais vis­i­tadas do esta­do.

A primeira eta­pa do pro­je­to estad­ual, já em anda­men­to, inclui a real­iza­ção de um diag­nós­ti­co geológi­co e estru­tur­al por­menoriza­do. O segun­do eixo pre­vê o apri­mora­men­to dos planos de geren­ci­a­men­to costeiro; dire­tores; de zonea­men­to e de uso das águas não só de Capitólio, mas tam­bém de São José da Bar­ra e de São João Batista do Glória, que apli­carão as regras con­jun­ta­mente.

Além dis­so, o gov­er­no estad­ual e as três cidades tam­bém devem pro­mover, em parce­ria com órgãos públi­cos e enti­dades soci­ais, ações de capac­i­tação para estim­u­lar o uso seguro e sus­ten­táv­el do Lago de Fur­nas. Por fim, o quar­to eixo do pro­je­to pre­vê ações de comu­ni­cação para divul­gar o atra­ti­vo turís­ti­co para todo o país.

Edição: Lílian Beral­do

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