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Parteiras unem tradição e ciência no cuidado com as mulheres

Repro­dução: © Wil­son Dias/Agência Brasil

Dados da Fiocruz apontam que, no Brasil, a taxa de cesariana é de 55%


Pub­li­ca­do em 20/01/2024 — 13:07 Por Fran de Paula — Repórter da Rádio Nacional — Brasília

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A tradição, que vem de um saber ances­tral, e a ciên­cia, basea­da em evidên­cias, são con­hec­i­men­tos que andam lado a lado quan­do se fala no tra­bal­ho das parteiras. Nayane Cristi­na, uma parteira que atua no Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS), em Brasília, con­ta que des­de os 4 anos já sabia que a ativi­dade era o chama­do dela. E que a história da avó, que teve oito par­tos em casa, a inspirou. 

“Eu me lem­bro muito clara­mente de ver min­ha avó no fogão de lenha ali, fazen­do comi­da, fer­ven­do leite, e eu sen­ta­da no ban­quin­ho, próx­i­mo do chão, ouvin­do as histórias dela, e aqui­lo real­mente acen­deu em mim uma chama de enten­der que aque­le era o meu cam­in­ho”, disse Nayane.

O cam­in­ho de Nayane para se tornar uma parteira foi a fac­ul­dade de enfer­magem e a residên­cia em obstetrí­cia.

No Brasil, a assistên­cia ao par­to por enfer­meiras obste­tras está pre­vista em uma lei de 1986 e em res­oluções do Con­sel­ho Fed­er­al de Enfer­magem (CFE). Pela leg­is­lação, com­pete às enfer­meiras prestar assistên­cia ao par­to nor­mal de evolução fisi­ológ­i­ca e ao recém-nasci­do.

Ess­es par­tos podem acon­te­cer em hos­pi­tais, em casa ou nas casas de par­to, como a da região admin­is­tra­ti­va de São Sebastião, no Dis­tri­to Fed­er­al, onde Nayane tra­bal­ha. No local, 13 parteiras assis­tem, em média, 37 par­tos por mês.

São ges­tações de baixo risco e o atendi­men­to segue um mod­e­lo respeitoso, que aju­da a diminuir as taxas de par­tos por cesar­i­ana.

“Sim, par­tos assis­ti­dos por enfer­meiras, por parteiras, reduzem o número de cesar­i­ana con­sid­er­av­el­mente. Aqui no Dis­tri­to Fed­er­al a gente tem vários estu­dos que já mostraram que em locais onde nós temos a residên­cia de enfer­magem obstétri­ca, a gente tem redução de cesar­i­anas e de inter­venções de maneira ger­al”, expli­ca.

Dados da Fiocruz apon­tam que, no país, a taxa de cesar­i­ana é de 55%. Na rede par­tic­u­lar, o índice ultra­pas­sa os 80%.

Foi a bus­ca por viv­er um par­to com mais autono­mia e menos inter­venções que guiou a escol­ha da psicólo­ga Marília Tomé. Mãe do Tito, de 4 anos, e da Lis, de 2, ela teve os dois par­tos assis­ti­dos por parteiras.

“Como eu tive ges­tações saudáveis, eu pude faz­er essa escol­ha. Eu optei mes­mo por ter um par­to onde eu tivesse mais autono­mia. Onde eu pudesse escol­her as pes­soas que estari­am comi­go, onde eu pudesse cri­ar um ambi­ente com bas­tante intim­i­dade, com mui­ta tran­quil­i­dade. Ape­sar de não ser um ambi­ente hos­pi­ta­lar, eu tam­bém me sen­ti muito segu­ra, com mui­ta con­fi­ança nos saberes”.

O auxílio das parteiras em todas as fas­es desse iní­cio do mater­nal foi fun­da­men­tal para Marília.

“As vis­i­tas domi­cil­iares, todo esse auxílio com ama­men­tação, de obser­vação mes­mo, nes­sas primeiras sem­anas, que é sem­pre um momen­to muito del­i­ca­do, para a mãe, para o neném, nesse momen­to de chega­da, de adap­tação”, expli­cou Marília.

É impor­tante destacar que a escol­ha pelo acom­pan­hamen­to com parteiras não exclui o papel dos médi­cos na ges­tação. As parteiras tam­bém atu­am munin­do as ges­tantes de infor­mações, con­sideran­do a autono­mia das mul­heres.

Para a médi­ca obste­tra Monique Novacek, as mul­heres que con­tam com esse dup­lo cuida­do chegam mais preparadas para o par­to.

“Ela vai faz­er questão do acom­pan­hante, vai faz­er questão de um ambi­ente cal­mo e respeitoso para ela, vai faz­er questão que o médi­co explique para ela tam­bém se pre­cis­ar ir para uma cesárea, porque dis­so acon­te­cer”.

A med­i­c­i­na trouxe avanços que sal­vam vidas diari­a­mente. Ao mes­mo tem­po, há beleza em ver que as tec­nolo­gias ances­trais per­sis­tem. As parteiras tradi­cionais, aque­las que apren­der­am o ofí­cio de for­ma oral, obser­van­do out­ras mul­heres, e que atu­am Brasil afo­ra, con­tin­uarão a amparar as cri­anças, nas mãos mod­er­nas das mul­heres que aten­dem a esse chama­do.

Ouça na Radioagên­cia Nacional:

 

Edição: Edgard Matsuki/Pedro Lac­er­da

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