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Pesquisa sugere que vacina de zóster previne doenças do coração

Imunizante está disponível apenas na rede privada do Brasil

Daniel­la Almei­da — Repórter da Agên­cia Brasil
Pub­li­ca­do em 30/08/2025 — 12:21
Brasília
Brasília (DF) 29/08/2025 - Vacina de herpes zoster. Foto: MS/Divulgação
Repro­dução: © MS/Divulgação

A vaci­na con­tra her­pes-zóster pode reduzir a pos­si­bil­i­dade de doenças car­dio­vas­cu­lares graves, como aci­dente vas­cu­lar cere­bral (AVC), em adul­tos imu­niza­dos. Pesquisa mostra que pes­soas de 18 a 50 anos vaci­nadas tiver­am que­da de 18% no risco dessas doenças, enquan­to as com mais de 50 anos, em 16%.

A hipótese está no estu­do cien­tí­fi­co que cole­ta, anal­isa e resume os resul­ta­dos de out­ras pesquisas pub­li­cadas sobre o tema.

A revisão sis­temáti­ca e meta-análise glob­al inti­t­u­la­da Eficá­cia da vaci­na con­tra her­pes-zóster em even­tos car­dio­vas­cu­lares — uma revisão sis­temáti­ca da lit­er­atu­ra e meta-análise, é de auto­ria do médi­co Charles Williams, dire­tor asso­ci­a­do glob­al da GSK, com­pan­hia bio­far­ma­cêu­ti­ca que pro­duz medica­men­tos e vaci­nas.

O estu­do foi apre­sen­ta­do na man­hã deste sába­do (30) no Con­gres­so da Sociedade Europeia de Car­di­olo­gia de 2025, em Madri, Espan­ha.

Estudo científico

O lev­an­ta­men­to glob­al reuniu 19 estu­dos para tes­tar a eficá­cia da vaci­na e para obser­var o efeito da vaci­nação con­tra o her­pes-zóster, pop­u­lar­mente con­heci­do como cobreiro, em ocor­rên­cias car­dio­vas­cu­lares.

Den­tre ess­es estu­dos, nove deles tiver­am 53,3% dos par­tic­i­pantes home­ns. Sete estu­dos relataram idades médias que vari­aram de 53,6 a 74 anos.

Jun­tos, ess­es estu­dos relataram a diminuição do risco abso­lu­to de doenças do coração ou de cir­cu­lação nas pes­soas que rece­ber­am a vaci­na con­tra her­pes-zóster. A difer­ença de taxa var­i­ou de 1,2 a 2,2 even­tos a menos para 1 mil pes­soas, por ano.

A recente declar­ação de con­sen­so clíni­co da Sociedade Europeia de Car­di­olo­gia sobre a vaci­nação como uma nova for­ma de pre­venção da doença car­dio­vas­cu­lar afir­ma que as vaci­nas devem ser con­sid­er­adas como o quar­to pilar da pre­venção médi­ca da doença car­dio­vas­cu­lar, jun­ta­mente com os anti-hiperten­sivos, os medica­men­tos para baixar o coles­terol e os medica­men­tos que tratam o dia­betes.

Mais evidências

Respon­sáv­el pela revisão sis­temáti­ca, Charles Williams ressaltou, no entan­to, a neces­si­dade de mais estu­dos para con­fir­mar se a vaci­na con­tra o her­pes-zóster, usa­da para pre­venir o cobreiro, de fato, está asso­ci­a­da a um risco esta­tis­ti­ca­mente sig­ni­fica­ti­vo menor de ataques cardía­cos e AVCs.

Brasília (DF) 29/08/2025 - Vacina de herpes zoster. Renato Kfouri. Foto: SBIm/Divulgação
Repro­dução: Rena­to Kfouri rela­ta que asso­ci­ação entre a vaci­na e redução de even­tos car­di­ológi­cos tem evidên­cias — SBIm/Divulgação

O vice-pres­i­dente da Sociedade Brasileira de Imu­niza­ções (SBIm), Rena­to Kfouri, em entre­vista à Agên­cia Brasil, con­cor­da.

“A infecção viral não é o úni­co fator des­en­cadeante de doenças car­dio­vas­cu­lares. Então, é pre­ciso sep­a­rar ess­es fatores que podem con­fundir – como a obesi­dade, hiperten­são, dia­betes – para que a gente enten­da, real­mente, o papel da vaci­na nes­sa pre­venção.”

O infec­tol­o­gista brasileiro rela­ta que essa asso­ci­ação entre a vaci­na e a diminuição dos riscos dos chama­dos even­tos car­dio­vas­cu­lares já acu­mu­la evidên­cias cien­tí­fi­cas e pub­li­cações em out­ros tipos de imu­niza­ções.

Rena­to Kfouri citou a gripe, cau­sa­da pelo vírus influen­za, que tam­bém pode ser des­en­cadeador de infar­tos e aci­dente vas­cu­lar cere­bral (AVC), espe­cial­mente. E que a vaci­na ado­ta­da anual­mente para pre­venir infecções, pode reduzir os riscos de prob­le­mas car­dio­vas­cu­lares.

“Evidên­cias vão se acu­mu­lan­do, tam­bém, em relação à vaci­na do Zoster, que é um pre­cip­i­ta­dor de even­tos car­dio­vas­cu­lares a infecções. Con­se­quente­mente, a sua pre­venção pode se traduzir em uma pre­venção tam­bém para ess­es even­tos car­dio­vas­cu­lares”, con­fir­ma.

Imunização no Brasil

No Brasil, a vaci­na con­tra o her­pes-zóster está disponív­el ape­nas na rede pri­va­da de saúde. No entan­to, em abril deste ano, o Min­istério da Saúde solic­i­tou avali­ação téc­ni­co-cien­tí­fi­ca à Comis­são Nacional de Incor­po­ração de Tec­nolo­gias no SUS (Conitec), que anal­isa a relação cus­to-efe­tivi­dade para sub­sidiar uma pos­sív­el incor­po­ração no cal­endário vaci­nal do Sis­tema Úni­co de Saúde. Ain­da não há pare­cer téc­ni­co.

O vice-pres­i­dente da SBIm, Rena­to Kfouri, comen­tou que muitas vaci­nas estão na fila para serem incor­po­radas ao SUS e que é pre­ciso definir as pri­or­i­dades den­tro do orça­men­to públi­co fed­er­al.

Na rede pri­va­da brasileiro, o preço da vaci­na con­tra her­pes-zóster depende do tipo de imu­nizante e da clíni­ca ou far­má­cia onde é apli­ca­da.

O preço de uma dose da vaci­na varia entre R$ 850 e R$ 1 mil, em média. O esque­ma vaci­nal com­ple­to requer duas dos­es, apli­cadas com inter­va­lo de dois a seis meses, o que ele­va o cus­to total da imu­niza­ção para algo entre R$ 1,7 mil e R$ 2 mil.

Herpes-zóster

O Min­istério da Saúde esclarece que a doença é cau­sa­da pelo vírus Varicela-Zóster (VVZ), o mes­mo que causa tam­bém a cat­a­po­ra.

Após a infecção ini­cial, o vírus per­manece latente (sem efeitos per­cep­tíveis) no sis­tema ner­voso e pode reati­var, cau­san­do o cobreiro em cer­ca de uma a cada três pes­soas ao lon­go da vida.

A ati­vação ocorre na idade adul­ta ou em pes­soas com com­pro­me­ti­men­to imunológi­co, como os por­ta­dores de doenças crôni­cas (hiperten­são, dia­betes), câncer, HIV/aids, trans­plan­ta­dos e out­ras cir­cun­stân­cias.

Após a reati­vação, acred­i­ta-se que o VZV pode invadir vasos san­guí­neos, levan­do a infla­mação e pos­sivel­mente a com­pli­cações como o AVC.

O quadro clíni­co do her­pes-zóster, ou seja, os sinais e sin­tomas da doença, na maior parte dos casos, são dores nevrál­gi­cas (nos ner­vos); formiga­men­to, agul­hadas, adormec­i­men­to, pressão; ardor e coceira locais;

Estes sin­tomas ante­ce­dem as lesões na pele aver­mel­hadas. As regiões mais com­pro­meti­das, geral­mente, são a torá­ci­ca (53% dos casos) e a cer­vi­cal (20%).

Rena­to Kfouri esclarece que a doença tem como grande con­se­quên­cia a neu­ral­gia, a dor pós-even­to agu­do, que é incô­mo­da. Mas, ele aler­ta que as com­pli­cações são as que mais chamam a atenção. “O her­pes oftálmi­co, que pode levar a per­da de visão. A neu­ral­gia pós-her­péti­ca, que é muito mais comum com a idade [avança­da]. Quan­to mais idoso é o indi­ví­duo, maior a chance de ele per­manecer com dor. E dor é impor­tante, o trata­men­to é difí­cil e, muitas vezes, impacta a qual­i­dade de vida”, enu­mera.

Sai­ba mais sobre o her­pes-zóster

Doenças cardiovasculares

De acor­do com a Orga­ni­za­ção Mundi­al de Saúde (OMS), as doenças car­dio­vas­cu­lares (DCV) con­tin­u­am sendo a prin­ci­pal causa de morte em todo o mun­do.

As DCVs rep­re­sen­tam 31% de todas as mortes em nív­el glob­al.

Esti­ma-se que 17,9 mil­hões de pes­soas mor­reram por enfer­mi­dades do coração e dos vasos san­guí­neos em 2016. Destes óbitos, esti­ma-se que 85% ocor­rem dev­i­do a ataques cardía­cos e AVCs.

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