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Catedral de 1540 recebe Edu Lobo na volta do MIMO Festival a Olinda

Palco principal recebeu formação original do Cordel do Fogo Encantado

Vini­cius Lis­boa — repórter da Agên­cia Brasil*
Pub­li­ca­do em 13/09/2025 — 12:36
Olin­da (PE)
Olinda 13/09/2025 - MIMO Festival, em Olinda.( Edu Lobo se apresenta na Catedral da Sé de Olinda na abertura do MIMO Festival) Foto: Rogério Von Kruger/Divulgação
Repro­dução: © Foto: Rogério Von Kruger/Divulgação

A imagem de São Sal­vador do Mun­do, padroeiro de Olin­da, assis­tiu de camarote na noite de sex­ta-feira (12) a um con­cer­to do can­tor e com­pos­i­tor Edu Lobo, que lotou a nave cen­tral da Cat­e­dral da Sé da cidade per­nam­bu­cana e lev­ou mais uma mul­ti­dão ao telão mon­ta­do do lado de fora da igre­ja quin­hen­tista, na col­i­na com vista priv­i­le­gia­da para o Recife. A apre­sen­tação mar­cou a aber­tu­ra do MIMO Fes­ti­val, que retornou para a cidade em que nasceu como Mostra Inter­na­cional de Músi­ca de Olin­da, após sete anos de tem­po­radas em out­ras partes do Brasil e na Europa.

Nos ban­cos de madeira da Cat­e­dral ergui­da em 1540, o públi­co com­par­til­hou por meio das letras, arran­jos e voz de Edu Lobo, de 82 anos, uma jor­na­da por seus mais de 60 anos de músi­ca brasileira. O repertório teve a ener­gia de inter­pre­tações como Pon­teio, canção vence­do­ra do Fes­ti­val de Músi­ca Pop­u­lar Brasileira de 1967 e que, em 2025, pôs o públi­co de pé a can­tar e bater pal­mas fer­vorosa­mente para o refrão “quem me dera ago­ra eu tivesse a vio­la pra can­tar”.

Nasci­do no Rio de Janeiro, Edu Lobo cele­brou que Per­nam­bu­co é sua refer­ên­cia e seu sangue, tan­to de mãe quan­to de pai. “Nem todo mun­do tem essa sorte”, brin­cou, em um show cheio de momen­tos bem humora­dos e “con­fis­sões”, como a história que con­ta sobre sua parce­ria pós­tu­ma com Vini­cius de Morais, ao musicar, na faixa Silên­cio, um poe­ma de 1957 encon­tra­do pela fil­ha do com­pos­i­tor. “Mudei ape­nas um ver­bo”.

Em canções român­ti­cas como Can­to Triste e Beat­riz, o públi­co ova­cio­nou inter­pre­tações emo­cionadas de Edu Lobo, que teve direção musi­cal e o piano sob o coman­do de Cristóvão Bar­ros, além de Jurim Mor­eira, na bate­ria, Jorge Hélder, no baixo, e Mau­ro Senise, nos instru­men­tos de sopro.

Entre os grandes momen­tos teste­munhados pela Cat­e­dral da Sé de São Sal­vador do Mun­do tam­bém esteve a inter­pre­tação de O Tren­z­in­ho Caipi­ra, em que a voz de Edu Lobo adi­ciona mais uma cama­da de emoção à letra do Poe­ma Sujo, de Fer­reira Gullar, e ao con­sagra­do bal­anço do trem com­pos­to por Heitor Vil­la-Lobos na peça Bachi­anas Brasileiras nº2 .


Cos­tu­rar o repertório da músi­ca brasileira com o patrimônio históri­co faz parte da pro­pos­ta do Mimo Fes­ti­val des­de sua primeira edição. Em sua últi­ma pas­sagem por Olin­da, Her­me­to Pas­coal foi um dos nomes que con­duz­iu a cel­e­bração à cul­tura brasileira na cat­e­dral, que não é o úni­co espaço históri­co a rece­ber as atrações do fes­ti­val, em que o públi­co é con­vi­da­do a tran­si­tar pelas ladeiras cen­tenárias da cidade.

O Con­ven­to de São Fran­cis­co sedia o Fórum de Ideias, com rodas de con­ver­sa entre o públi­co e artis­tas do fes­ti­val; o Pátio da Igre­ja da San­ta Sé terá parte da pro­gra­mação de cin­e­ma do MIMO; e entre os casarões da Praça do Car­mo está o pal­co prin­ci­pal, com a icôni­ca Igre­ja do Car­mo ao fun­do.

A ide­al­izado­ra é dire­to­ra artís­ti­ca do fes­ti­val, Lu Araújo, exal­ta que o patrimônio históri­co da cidade não é ape­nas o cenário do fes­ti­val, mas tam­bém o fes­ti­val em si.

“O MIMO é um fes­ti­val difer­ente, ele não ocu­pa um ter­ritório, ele inte­gra toda a cidade por onde pas­sa, os cenários tam­bém fazem parte da pro­gra­mação do MIMO. Então, é sem­pre lin­do, porque é uma cidade belís­si­ma, com patrimônio fenom­e­nal, tomba­do como patrimônio da humanidade, isso tem toda uma grande importân­cia”.

Olinda 13/09/2025 - MIMO Festival, em Olinda. ( Diretora artística, Lu Araújo, na abertura do MIMO Festival) Foto: Rogério Von Kruger/Divulgação
Repro­dução: A Dire­to­ra artís­ti­ca, Lu Araújo, na aber­tu­ra do MIMO Fes­ti­val. Foto: Rogério Von Kruger/Divulgação

 

No pal­co prin­ci­pal, na Praça do Car­mo, um dos momen­tos mais esper­a­dos era o retorno da for­mação orig­i­nal do grupo Cordel do Fogo Encan­ta­do, que jun­ta poe­sia, oral­i­dade e raízes per­nam­bu­canas em suas per­for­mances.

Antes da apre­sen­tação, Lir­in­ha com­par­til­hou com a Agên­cia Brasil que o retorno em Olin­da e durante o MIMO tin­ha uma mís­ti­ca espe­cial para o grupo, que reen­con­trou seu públi­co em um show que lotou o pal­co prin­ci­pal do fes­ti­val.

Olinda 13/09/2025 - MIMO Festival, em Olinda. Foto: Rogério Von Kruger/Divulgação
Repro­dução: Públi­co lota Praça do Car­mo para o retorno do Cordel do Fogo Encan­ta­do Foto: Rogério Von Kruger/Divulgação

 

Na pro­gra­mação deste sába­do, ele par­tic­i­pa ain­da de uma con­ver­sa, medi­a­da pela jor­nal­ista e pesquisado­ra Chris Fus­cal­do, sobre a oral­i­dade enquan­to ele­men­to de tradição, poe­sia e resistên­cia no Nordeste.

“Enten­demos a oral­i­dade como um lugar que guar­da pro­fun­dos seg­re­dos da nos­sa sociedade, da for­mação da nos­sa sociedade. É memória, mas tam­bém invenção, cria­tivi­dade. Enten­do a her­ança oral,  prin­ci­pal­mente da poe­sia, como um teste­munho, um depoi­men­to e tam­bém uma denún­cia de uma lín­gua que não é por­tugue­sa e, sim, brasileira”, resume ele.

*O repórter via­jou para Olin­da a con­vite da orga­ni­za­ção do MIMO Fes­ti­val

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