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Ziraldo mudou campanhas de prevenção da saúde, dizem especialistas

Repro­dução: © Ziraldo/Divulgação

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, materiais são usados até hoje


Publicado em 09/04/2024 — 06:48 Por Mariana Tokarnia — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro

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O Insti­tu­to Nacional de Câncer (Inca) ini­cia nes­ta sem­ana um cur­so a dis­tân­cia do Pro­gra­ma Saber Saúde. Como sem­pre, as ilus­trações feitas por Ziral­do na déca­da de 1990 estarão nas aulas, mas des­ta vez recebem atenção espe­cial e mui­ta saudade. “Ele con­tribuiu muito, tan­to para o con­t­role do câncer quan­to para o con­t­role do tabag­is­mo. Nós recebe­mos a notí­cia do falec­i­men­to dele com mui­ta tris­teza, porque todos temos um car­in­ho grande por ele, pelo tra­bal­ho que sem­pre fez e essa parce­ria impor­tante com o Inca. Seu lega­do vai ser, com certeza, eterniza­do”, diz a chefe da Divisão de Con­t­role do Tabag­is­mo e Out­ros Fatores de Risco (Con­prev) do Inca, Maria José Domingues da Sil­va Gion­go.

Rio de Janeiro (RJ) 09/04/2024 - Esta semana o Instituto Nacional de Câncer (INCA) inicia um curso a distância do Programa Saber Saúde. Como sempre, as ilustrações feitas por Ziraldo na década de 1990 estarão nas aulas, mas dessa vez, elas recebem atenção especial e muita saudade. “Ele contribuiu muito, tanto para o controle do câncer, quanto para o controle do tabagismoIlustração Ziraldo/Divulgação
Repro­dução: Rio de Janeiro —  A chefe da Divisão de Con­t­role do Tabag­is­mo e Out­ros Fatores de Risco (Con­prev) do Inca, Maria José Domingues da Sil­va Gion­go — Foto Ziraldo/Divulgação

A parce­ria de Ziral­do com o Inca teve iní­cio antes do Saber Saúde, em 1987, em uma cam­pan­ha con­tra o cig­a­r­ro, que resul­taria em cin­co pôsteres com car­i­cat­uras com os diz­eres: “fumar é cafona”, “fumar é care­ta” “fumar é de mau gos­to” “fumar é patéti­co” e “fumar é bre­ga”. Ess­es pôsteres foram ampla­mente divul­ga­dos no últi­mo fim de sem­ana nas redes soci­ais.

A secretária exec­u­ti­va da Comis­são Nacional para a Imple­men­tação da Con­venção-Quadro para o Con­t­role do Taba­co (Con­icq), Vera Luiza da Cos­ta e Sil­va, foi uma das pes­soas que tra­bal­hou com Ziral­do nes­sa época, em que as pro­pa­gan­das de cig­a­r­ro ocu­pavam a tele­visão e out­ros meios de comu­ni­cação e cer­ca de 35% da pop­u­lação era fumante, segun­do o Inca.

“Naque­la época, as cam­pan­has [antitabag­is­tas] eram com caveiras, com revólveres, com uma coisa sem­pre asso­ci­a­da à morte, à doença, à des­graça. E aí ele falou assim: ‘Olha, está tudo erra­do. O que vai mudar a maneira de as pes­soas verem o hábito de fumar é o lado com­por­ta­men­tal. Tem que colo­car que é cafona fumar, que é care­ta, que é bre­ga, que é de mau gos­to. E aí ele falou: eu vou faz­er essa cam­pan­ha”, con­ta Vera..

O Inca procurou Ziral­do jus­ta­mente porque que­ria uma abor­dagem ino­vado­ra em uma cam­pan­ha con­tra o cig­a­r­ro. E foi isso que Ziral­do entre­gou. O tra­bal­ho logo foi recon­heci­do. Ain­da em 1987, o car­tunista foi pre­mi­a­do pela Orga­ni­za­ção Mundi­al da Saúde (OMS) pela con­tribuição na cam­pan­ha Taba­co ou Saúde.

Rio de Janeiro (RJ) 09/04/2024 - Esta semana o Instituto Nacional de Câncer (INCA) inicia um curso a distância do Programa Saber Saúde. Como sempre, as ilustrações feitas por Ziraldo na década de 1990 estarão nas aulas, mas dessa vez, elas recebem atenção especial e muita saudade. “Ele contribuiu muito, tanto para o controle do câncer, quanto para o controle do tabagismoFoto:Inca/Divulgação
Repro­dução: Rio de Janeiro — A secretária exec­u­ti­va da Comis­são Nacional para a Imple­men­tação da Con­venção-Quadro para o Con­t­role do Taba­co (Con­icq), Vera Luiza da Cos­ta e Sil­va — Foto Inca/Divulgação

A cam­pan­ha fun­cio­nou até mes­mo com o próprio Ziral­do. “E ele fuma­va na época. Então, fez a cam­pan­ha e ficou tão com­peli­do com aqui­lo que parou de fumar, enten­deu?”, diz a secretária.

O Brasil tam­bém mudou ao lon­go do tem­po. As pro­pa­gan­das de cig­a­r­ro pas­saram a ser proibidas nos meios de comu­ni­cação. Em 2019, o per­centu­al de fumantes cai para 12,6 %, segun­do a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).

A cam­pan­ha mostrou o poder das ima­gens. “O poder da ilus­tração e do con­ceito, né? Mudou todo o uni­ver­so na época”, diz a secretária. “A gente deve muito a ele na área da saúde públi­ca, acho que ele intro­duz­iu um con­ceito que real­mente mudou até mes­mo a nos­sa visão. Mudou por causa do Ziral­do”, acres­cen­ta. De acor­do com ela, o escritor con­tribuiu para a definição de um tom das cam­pan­has de pre­venção em uma época que o país gan­ha­va  nova Con­sti­tu­ição, em 1988, e definia, pos­te­ri­or­mente, o Sis­tema Úni­co de Saúde (SUS).

Saber Saúde

Rio de Janeiro (RJ) 09/04/2024 - Esta semana o Instituto Nacional de Câncer (INCA) inicia um curso a distância do Programa Saber Saúde. Como sempre, as ilustrações feitas por Ziraldo na década de 1990 estarão nas aulas, mas dessa vez, elas recebem atenção especial e muita saudade. “Ele contribuiu muito, tanto para o controle do câncer, quanto para o controle do tabagismo Ilustração Ziraldo/Divulgação
Repro­dução: Rio de Janeiro (RJ) 09/04/2024 — Esta sem­ana o Insti­tu­to Nacional de Câncer (INCA) ini­cia um cur­so a dis­tân­cia do Pro­gra­ma Saber Saúde. Como sem­pre, as ilus­trações feitas por Ziral­do na déca­da de 1990 estarão nas aulas, mas dessa vez, elas recebem atenção espe­cial e mui­ta saudade. “Ele con­tribuiu muito, tan­to para o con­t­role do câncer, quan­to para o con­t­role do tabag­is­mo Ilus­tração Ziraldo/Divulgação — Ziraldo/Divulgação

O suces­so foi tan­to que a parce­ria de Ziral­do com o Inca seguiu e, em 1998, ele faria ilus­trações tam­bém para o Pro­gra­ma Saber Saúde, de pre­venção do tabag­is­mo e out­ros fatores de doenças crôni­cas. As ilus­trações foram todas cedi­das ao Inca e con­tin­u­am sendo usadas. O pro­gra­ma é volta­do para as esco­las, ofer­e­cen­do for­mação aos pro­fes­sores e profis­sion­ais de saúde, para que lev­em as infor­mações às cri­anças e jovens. Além do tabag­is­mo, o pro­gra­ma aler­ta para os riscos de hábitos como o con­sumo de álcool, a exposição exces­si­va ao sol sem pro­teção, a ali­men­tação não saudáv­el, entre out­ros.

“As ima­gens falam por si, dialogam com o públi­co infan­til e infan­to­ju­ve­nil. Você olha uma fol­hin­ha, uma plan­ta tossin­do, expelin­do fumaça, a cri­ança olha e vê o dano que aqui­lo causa à saúde, o quan­to faz mal. E o legal é que a par­tir dis­so, a gente reforça os fatores de pro­teção, os com­por­ta­men­tos que eles pre­cisam ter, para que não ven­ham a ter doenças crôni­cas no futuro”, afir­ma Maria José Gion­go, respon­sáv­el pelo pro­gra­ma.

Ela diz que o pro­gra­ma é um suces­so e que muito é graças a Ziral­do: “Tem muito boa recep­tivi­dade, eles gostam muito, porque o Ziral­do é con­heci­do em nív­el de Brasil, nív­el nacional, tan­to por profis­sion­ais da edu­cação quan­to da saúde e por cri­anças. Então, a recep­tivi­dade dos mate­ri­ais, eles pedem, eles querem, eles gostam. A gente ofer­ece tur­mas para o cur­so e se inscrevem mais profis­sion­ais do que o número de vagas que a gente con­segue ofer­tar”.

Rio de Janeiro (RJ) 09/04/2024 - Esta semana o Instituto Nacional de Câncer (INCA) inicia um curso a distância do Programa Saber Saúde. Como sempre, as ilustrações feitas por Ziraldo na década de 1990 estarão nas aulas, mas dessa vez, elas recebem atenção especial e muita saudade. “Ele contribuiu muito, tanto para o controle do câncer, quanto para o controle do tabagismo Ilustração Ziraldo/Divulgação
Repro­dução: Rio de Janeiro — Peças cri­adas por Ziral­do para cam­pan­has de saúde são usadas até hoje — Foto Ziraldo/Divulgação

Tan­to Vera, que chegou a con­viv­er com o escritor, quan­to Maria José têm muito car­in­ho por Ziral­do. “Ele con­tribuiu muito para esse tra­bal­ho de pro­moção da saúde e pre­venção aqui do Inca e deixou um lega­do que, com certeza, vai ser eterniza­do, vai con­tin­uar tor­nan­do as pes­soas mais felizes e, sem dúvi­da, mostran­do para as cri­anças a importân­cia de se faz­er opções mais saudáveis”, lem­bra Maria José.

Para Vera, “a genial­i­dade, o com­pro­mis­so, a lev­eza de Ziral­do vão ficar na obra dele. Mas a gente perde a pes­soa, né?”.

Edição: Graça Adju­to

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