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Manifestação em Brasília pelo Dia da Mulher alerta para violências

Repro­dução: © Wil­son Dias/Agência Brasil

Mulheres também protestaram sobre a situação das mães na Palestina


Publicado em 08/03/2024 — 20:21 Por Luiz Claudio Ferreira — Repórter da Agência Brasil — Brasília

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Nas mãos, ela puxa um car­rin­ho que trans­porta o iso­por com bebidas para vender. Um boné na cabeça aju­da a pro­te­ger do sol no cen­tro de Brasília, na tarde des­ta sex­ta-feira (8), Dia Inter­na­cional da Mul­her. A roti­na da ambu­lante Rita Aquino, de 63 anos de idade, de domin­go a domin­go, é ten­tar vender água e refrig­er­ante. 

“Estou empurran­do o car­rin­ho para ten­tar um dia a aposen­ta­do­ria. Mas todos os dias sou desre­speita­da. Acho que porque sou mul­her e idosa. No ônibus, nas ruas, em todo lugar”, recla­ma.

No cam­in­ho das ven­das, ela se depara com uma man­i­fes­tação de mul­heres, na Praça Zumbi dos Pal­mares — líder quilom­bo­la assas­si­na­do em 1695. Ela para um pouco e olha. “É isso mes­mo. A gente não pode ficar cal­a­da”, diz.

Brasília(DF), 08/03/2024 - Mulheres vão às ruas de Brasília pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres. Jacira Silva e Ludimar Carneiro do Coletivo Mulheres Negras Baobá. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Repro­dução: Jaci­ra Sil­va (E) e Ludi­mar Carneiro, do Cole­ti­vo Mul­heres Negras Baobá, na man­i­fes­tação em Brasília pelo Dia Inter­na­cional da Mul­her — Foto: Wil­son Dias/Agência Brasil

Na man­i­fes­tação em que Ruth se deparou na cap­i­tal do país, uma série de cole­tivos lig­a­dos aos dire­itos das mul­heres apre­sen­ta­va dis­cussões vari­adas. Uma das orga­ni­zado­ras do even­to, a pro­du­to­ra Hellen Fri­da, expli­ca que o chama­men­to foi jus­ta­mente para que difer­entes gru­pos lev­assem suas deman­das em um dia que “deve ser de luta”.

Assim, o even­to no Dis­tri­to Fed­er­al reuniu man­i­festos pelo dire­ito à liber­dade da mul­her, a favor do abor­to, con­tra a vio­lên­cia de gênero e out­ros man­i­festos por igual­dade. As mul­heres tam­bém protes­taram sobre a situ­ação das mães na Palesti­na, que têm sofri­do os efeitos do con­fli­to entre Israel e o Hamas. Pelo menos 240 cruzes foram pre­gadas para lem­brar a situ­ação do out­ro lado do mun­do, e tam­bém de fem­i­nicí­dios na cap­i­tal. Foram 31 con­fir­ma­dos no DF no ano pas­sa­do.

“O número de denún­cias de vio­lên­cias tam­bém tem aumen­ta­do. Quan­to mais você dialo­ga nas comu­nidades, mais você vê o número de mul­heres que estão em situ­ação de vio­lên­cia e que ain­da não denun­cia­ram. Existe uma seg­re­gação econômi­ca impor­tante tam­bém. Acho que a vio­lên­cia econômi­ca é cen­tral”, avalia Fri­da.

Brasília(DF), 08/03/2024 - Mulheres vão às ruas de Brasília pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Repro­dução: Mul­heres vão às ruas de Brasília pelo Dia Inter­na­cional da Mul­her — Foto: Wil­son Dias/Agência Brasil

Ela lamen­ta que, nas comu­nidades, há menos equipa­men­tos públi­cos para dar atendi­men­to às neces­si­dades das mul­heres. “Na região de São Sebastião [a 25 km de Brasília], que é a min­ha comu­nidade, está sendo cri­a­do o Cen­tro de Refer­ên­cia da Mul­her Brasileira, que é uma ini­cia­ti­va do gov­er­no fed­er­al a par­tir de emen­das par­la­mentares. Vai ser muito impor­tante para nós”, elo­gia.

Quem tam­bém acom­pan­ha de per­to as neces­si­dades comu­nitárias, e esta­va pre­sente ao even­to do Dia das Mul­heres na cap­i­tal, foram rep­re­sen­tantes do cole­ti­vo de Mul­heres Negras de Baobá. A jor­nal­ista e ativista Jaci­ra da Sil­va expli­ca que o grupo real­iza um tra­bal­ho espe­cial em uma área de ocu­pação na região do Guará — a cer­ca de 15 km da cap­i­tal -, em um local onde majori­tari­a­mente vivem mul­heres negras, que são mães solo e em situ­ação de vul­ner­a­bil­i­dade social.

“Bus­camos sen­si­bi­lizar por meio de palestras, encon­tros, em difer­entes datas, para falar­mos sobre dire­itos”, expli­ca.

A pro­fes­so­ra Ludi­mar Carneiro, que tam­bém atua no cole­ti­vo, rev­ela que recebe difer­entes tipos de per­gun­tas. “Elas querem saber por que não há uma del­e­ga­cia per­to, por que elas não têm um aces­so rápi­do à justiça, por que elas não têm aces­so à saúde. Elas são tra­bal­hado­ras da reci­clagem”, rela­ta.

Na man­i­fes­tação em Brasília, as tra­bal­hado­ras não pode­ri­am estar pre­sentes porque estão na lida, dizem as ativis­tas. “O des­per­tar da con­sciên­cia delas já não per­mite que elas deix­em as suas ativi­dades porque senão seus fil­hos vão pas­sar fome”, diz a pro­fes­so­ra Jacia­ra.

Brasília(DF), 08/03/2024 - Mulheres vão às ruas de Brasília pelo Dia Internacional de Luta das Mulheres. Marileide da Silva, vendedora ambulante. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Repro­dução: Mar­ilei­de da Sil­va, vende­do­ra ambu­lante, tra­bal­ha durante a man­i­fes­tação pelo Dia Inter­na­cional da Mul­her — Foto: Wil­son Dias/Agência Brasil

Na man­i­fes­tação, Mar­ilei­de da Sil­va, morado­ra de Val­paraí­so, tra­bal­ha­va como ambu­lante na ven­da de ali­men­tos. A últi­ma vez que foi reg­istra­da em carteira tem mais de uma déca­da, como babá. “Foi o que sobrou para mim”, disse. Ciente do tema da man­i­fes­tação, obser­va­va tudo aten­ta­mente. “Existe machis­mo, vio­lên­cia, tudo o que elas estão falan­do. Gostei de tra­bal­har diante delas”, disse enquan­to fazia as con­tas do dia e se prepar­a­va para voltar para casa, a 50 km dali.

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Edição: Fer­nan­do Fra­ga

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